No livro, “O pequeno príncipe”, Antoine de Saint-Exupéry afirma que “o
essencial é invisível aos olhos”. Então como colocar na imagem fotográfica o
sentimento? Representar o perfume do jasmim como o autor Manoel de Barros fala
em seu poema. “Difícil fotografar o silêncio. Entretanto tentei. Eu
conto (Manoel de Barros)[1]. A dificuldade em fotografar o silêncio
se transformou em uma experiência fotográfica chamada fotografia do silêncio (Poema - Difícil Fotografar o Silêncio).
Manoel de Barros em seu poema relata seu caminhar pelas ruas na
madrugada e o silêncio que a aldeia emitia: “Madrugada, a minha aldeia estava morta. Não se via ou
ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas”. O seu caminhar por
uma rua deserta e silenciosa provocou a necessidade de fotografar algo que não
se via diante daquela experiência. Como fotografar algo que não está diante do
olhar, porém pode ser visto?
As três fotos a seguir foram produzidas também na disciplina de audiovisual da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. A primeira fotografia mostra uma obra com uma britadeira ligada e seu barulho é tão ensurdecedor que para o aluno se tornou silêncio pois ele não conseguia escutar mais nada. A segunda mostra um isolamento de uma pessoa no ponto de ônibus com a cara coberta e imóvel. A foto ainda retrata um valor enquadrado que possivelmente tenha relação com o próprio sistema capitalista que proporciona esse isolamento de indivíduos. A última consiste em um trabalhador que está dormindo em uma banca de jornal. O aluno quis retratar que esse momento de puro silêncio em contraste com o cotidiano de uma banca de jornal em plena rua da cidade.
Fotografias do Silêncio (clique para ver)
As fotos são produzidas como forma de expressão sensível da realidade e ao mesmo tempo que a representa, ela a cria, porém não revela sua essência. O valor artístico da realidade criada permanece mesmo com o desaparecimento do seu mundo histórico e funções sociais. Kosik (2011) pergunta o porquê dessa permanência e responde que na obra de arte a realidade fala ao homem.
Na sociedade onde a imagem do cachimbo se torna mais real que o próprio cachimbo[3], como a essência da realidade é revelada pela mediação da fotografia? Essa pergunta é feita a partir, principalmente, das fotografias postadas para serem vistas nas redes sociais. Postamos somente o que queremos que seja visto e principalmente mostramos a representação padrão de felicidade. Por que ninguém pública seus defeitos na internet? A felicidade é uma imagem que “vende” mais para o outro que para si próprio. Fotografia de pessoas em rede social antes de cometerem suicido mostram uma felicidade que não era real, mas foi compartilhada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário