Algumas definições
Teatro – a palavra teatro vem do grego
Theatron que significa: “local onde se vê” ou “Lugar para olhar”.
https://www.todamateria.com.br/teatro-grego/
Teatro, do grego (Theatron), é uma forma de arte em que um ator ou conjunto de atores, interpreta uma história ou atividades para o público em um determinado lugar. Com o auxílio de dramaturgos ou de situações improvisadas, de diretores e técnicos, o espetáculo tem como objetivo apresentar uma situação e despertar sentimentos no público: também denomina-se teatro o edifício onde se desenvolve esta forma de arte, podendo também ser local de apresentações para a dança e recitais.
Segundo a enciclopédia britânica, a palavra teatro deriva do
grego (Theaomai) – olhar com atenção, perceber, contemplar.
“Toda reflexão que tenha o drama como objeto precisa se apoiar
numa tríade teatral: quem vê, o que se vê, e o imaginado”. Robson Camargo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro
Para Augusto Boal, o Teatro do Oprimido criado por ele é uma forma de teatro que visa a transformação social a partir do protagonismo de oprimidos; pretende transformar o espectador em sujeito atuante, transformador da ação que lhe é apresentada, de forma que ele mesmo, espectador, passe a protagonista e transformador da ação dramática.
“Aquele que
transforma as palavras em versos transforma-se em poeta; aquele que transforma
o barro em estátua transforma-se em escultor; ao transformar as relações sociais
e humanas apresentadas em uma cena de teatro, transforma-se em cidadão”.
(Augusto Boal)
Antonin Artaud (1896-1948) ator, diretor, poeta e
teórico francês, o Teatro da Crueldade, nome dado à sua teoria proposta na
década de 20, quer fazer uma crítica à cultura do espetáculo e à própria forma
que a sociedade ocidental enxergava o mundo. Se opõe as características do
teatro tradicional e a racionalidade do mundo ocidental. Entre as suas ideias,
estava a concepção de um novo teatro e uma nova apreensão do universo, ligada
ao nível pré-verbal da psique humana. Para Artaud, o teatro deveria abalar as
certezas adotadas pela sociedade.
TEATRO
E CINEMA – UMA PROPOSTA DE DIÁLOGO ENTRE LINGUAGENS ARTÍSTICAS
Tathiana Treuffar
O teatro, assim como
o cinema, prevê trabalho de equipe, funções, enredo, ação, o fora e dentro da
cena (o fora e dentro de quadro). Roteiro e Peça teatral são escritos de forma
semelhante, em cenas.
Funções como direção,
iluminação, cenário, figurino, interpretação são comuns nas duas linguagens.
A ampliação do olhar
presente na vivência dos recortes, enquadramentos e suas escolhas conscientes
estão presentes tanto na experiência de filmar com a câmera, quanto na escolha
dos espaços da representação e recepção do público no teatro.
A direção, nesse
contexto, tem papel importante, ao proporcionar aos alunos serem os cineastas e
diretores teatrais de suas obras artísticas, criando relações e outros pontos
de vista em múltiplas possibilidades de recortes e recepções.
O enquadramento tem
destaque nessa metodologia. Enquadrar não só o que se vai filmar e que se quer
mostrar, mas também o recorte consciente do espaço de recepção daquele que vai
assistir à encenação no teatro, para além da visão frontal do palco italiano.
A proposta de diálogo
entre teatro e cinema se dá nessa percepção das semelhanças e diferenças entre
o fazer teatral e o cinematográfico. E como uma linguagem pode estimular a
outra, provocando outros olhares e possibilidades.
Outra relação entre teatro e
cinema proposta por esse diálogo é a possibilidade da criação de roteiros
através de improvisos teatrais. Jogos de imagens, ideias compartilhadas e
discutidas em grupo transformam-se e traduzem-se em imagens corporais, fotografias,
pequenas cenas. Nessa interseção temos simultaneamente teatro-imagem e imagens
de cinema presentes nas fotografias desses instantâneos.
Para ilustrar mais algumas
possibilidades criativas da mistura de teatro e cinema, cito aqui o processo de
criação de um curta-metragem “Esse é meu Barato”, realizado
em 2011, na Escola Municipal Monteiro Lobato, em
Guaratiba. O processo de criação partiu de cenas teatrais criadas por alunos a
partir de um tema gerador “Drogas”. Ao contrário de outros processos
audiovisuais, não houve um roteiro inicialmente escrito, e sim, várias cenas teatrais
sendo geradas e criadas por alunos em aulas. Elementos cinematográficos, como
um tripé, foram usados teatralmente como objetos de cena. A escolha do objeto
tripé, aconteceu despretensiosamente. Simplesmente o aluno que faria uma cena
de um traficante, ao ver o tripé fechado, que estava na sala, pediu para usá-lo
na cena para ser a sua arma. A cena encenada com esse tripé foi surpreendente, a
imagem ficou forte. O aluno que encenava o personagem que recebia as balas
atuou com seu corpo como se fosse alvejado por elas num gesto de tremor
bastante expressivo. A imagem dessa cena foi bastante teatral e
instantaneamente imaginei ela filmada, tendo o objeto tripé como arma. Pela
potência da encenação dessa cena ela foi escolhida para ser roteirizada. E
então passamos para a etapa de transformar a cena teatral em cena de cinema. Os
alunos foram estimulados a escrever o Roteiro do filme pensando em imagens
cinematográficas. Tentando adequar o que foi criado como teatro e transformando
e transpondo para a linguagem do audiovisual. Roteiro pronto, o desafio de
criar imagens para o texto escrito. E a reflexão de como filmar aquela
cena, antes teatral, sem ser teatro filmado. Começa aqui a etapa da decupagem, os
alunos já pensando em planos e enquadramentos e como iriam filmar. Vieram a escolha
das locações no entorno da escola. A produção dos figurinos, a divisão das
funções no filme e quem seria o responsável pela câmera. Foi decidido que
manteríamos a cena da morte com o tripé de cinema. E esse take dentro do
filme cria um estranhamento onde geralmente os alunos que assistem riem. O riso,
provavelmente, vem da falta de verossimilhança da arma e da teatralidade dos
tiros no corpo. No entanto, a interpretação teatral da cena, não afeta a
linguagem cinematográfica do filme com planos escolhidos pelos alunos e ainda gera
um estranhamento que considero interessante nessa ponte entre teatro-cinema.
Iniciar o processo
nas semelhanças e diferenças entre as duas artes, propor jogos que misturam
teatro e cinema e criar roteiros a partir da criação teatral me parecem
propostas estimulantes, desafiadoras e que abrem várias possibilidades entre as
linguagens artísticas na escola.
“ESSE É MEU BARATO”
https://www.youtube.com/watch?v=lVg2efigryQ
“ESSE É MEU BARATO”
EDUCAÇÃO AUDIOVISUAL NA ESCOLA
Claudia Vieira
O teatro sendo uma arte muito antiga, cerca de 3000 anos,
passou por muitos processos de transformação e reinvenção, porém continua sendo
a arte mais parecida com a vida; acontece no aqui e no agora, na presença
física, na pulsação, na inter-relação elenco e público, sem a necessidade de
ser intermediado por qualquer tecnologia. Basta uma palavra, um gesto do ator
para que a imaginação do espectador mergulhe nos maiores mistérios e devaneios
da vida.
Apesar de o teatro deixar claro que o que está a nossa frente
é uma ilusão, de vermos a carpintaria, os artifícios ali expostos, entramos na
magia do jogo cênico, e somos levados por ele, pelos atores, personagens,
trama, plasticidade da cena, luz, som... ao mundo ali apresentado ou sugerido.
Já o cinema, uma linguagem muito mais nova, com cerca de 120
anos de existência, é uma arte de fragmentos de imagem e som, quase um jogo de
quebra-cabeça, onde as peças são captadas em planos, enquadramentos, recortadas
e depois montadas para dar sentido a narrativa.
“O teatro se eterniza
na repetição, no cotidiano da temporada de um espetáculo, enquanto o cinema
eterniza aquele instante único que jamais vai se repetir, aquele momento que
vai ficar para sempre, impresso na película, vídeo ou arquivo digital”. Evaldo Mocarzel
Minha
relação com o audiovisual na escola se deu, pela aproximação dos conteúdos
programáticos do ensino do teatro na criação e produção cinematográfica; principalmente
com relação à interpretação.
Ao
participar de um projeto proposto pelo NUTED (Núcleo de Tecnologias
Educacionais / FIOCRUZ) beneficiando a escola, com aprovação do edital FAPERJ
E_36/2014 de Apoio à Melhoria do Ensino nas Escolas da Rede Pública no RJ; o
audiovisual foi inserido como recurso metodológico na disciplina arte cênica,
ministrado entre os anos 2014 a 2017.
A
partir daí, o cinema passou a ser encarado como arte e como criação, e passou a
ter um lugar na escola. Como espaço de apreciação e fruição com o cineclube
e como processo de produção aprofundando as narrativas audiovisuais
dos alunos, ao expressarem seus desejos e sentimentos a partir da imagem.
Sendo
atualmente a educação escolar uma atividade sufocada pelo cumprimento de metas
e habilidades básicas específicas, a disciplina arte cênica pode mobilizar a
realização de um modelo de produção cinematográfica na escola.
“Se o encontro com o cinema como arte não
ocorrer na escola, há muitas crianças para as quais ele corre o risco de não
ocorrer em lugar nenhum.” (BERGALA, 2008, p.33).
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